Pular para o conteúdo principal

Crônica "O lugar onde eu vivo: o outro lado da realidade", de Mariléia dos Santos #espalheartepelovale


O Projeto “Espalhe Arte pelo Vale” apresenta a crônica da estudante Mariléia Silva dos Santos, de 15 anos, do 1º ano do Curso Técnico em Alimentos do Campus Santa Inês. A estudante traz o seu olhar sobre a vida do trabalhador rural e nos propõe reflexões. Vamos ler?


O lugar onde vivo: o outro lado da realidade

E lá estavam eles, pessoas de bem que se levantam cedo para ir à roça e só voltam para suas casas ao final da tarde. Muitas vezes ganham baixos salários, que quase não são o bastante para o sustento de sua própria família.
Estava em frente à minha casa sentada. Por alguns minutos, debaixo daquele sol escaldante, fiquei olhando, observando alguns homens e mulheres de bem. Ali, todos reunidos estavam trabalhando, e, ao mesmo tempo, conversando.
Durante a conversa, ouvi um dos trabalhadores perguntar:
 – Compadre, como estão as plantações?
 – Ah, as minhas roças não estão bonitas... Com esse sol a terra fica muito seca. Da última plantação de mandioca que fiz, morreram vários pés.
Um outro trabalhador diz: 
– É, a situação do trabalhador rural está cada vez mais difícil. Precisamos de chuva para nossas plantações. O adubo está com preços cada vez mais altos.
Com a renda mensal que ganham, as pessoas que trabalham na roça não conseguem satisfazer algumas de suas necessidades e desejos.
Como diz um trabalhador:
 – Estamos ganhando pouco, quarenta reais a diária, mas preciso trabalhar. O dinheiro, apesar de ser pouco, ajuda bastante no sustento da família.
Assim, ao escutar as conversas, fiquei  a me questionar o porquê de tanta dificuldade para as pessoas que trabalham na roça, principalmente para os diaristas de segunda a sexta-feira, que enfrentam qualquer dificuldade e situação para levar o sustento, não só para a sua família, mas também para as cidades de todo o país, e que, muitas vezes, não têm seu trabalho reconhecido e valorizado. 
Há outro lado: devemos dar valor por cada pão que passa pela nossa mesa, pois não sabemos o sacrifício, as dificuldades que os trabalhadores rurais enfrentam para poder plantar, cultivar, colher e comercializar os seus produtos. Para que a comida possa chegar à mesa dos consumidores, principalmente daqueles que residem nas cidades, sejam elas grandes ou pequenas. Como diz Luiza Dulci: “Se o campo não planta, a cidade não janta!”.

Comentários